terça-feira, setembro 10, 2013

No meio do Atlântico


Metade do mês de Agosto estive de férias. Fui, como tem sido normal nos ultimos anos, "descansar" uns dias na ilha Terceira, arquipélago dos Açores. Mesmo ali, no meio do Oceano Atlântico, entre a Europa e a América do Norte. Foram dias de descanso, é verdade! Mas também aproveitei e fiz bons e belos treinos de corrida, aproveitei para escalar (coisa que já não fazia a algum tempo!), nadei no mar quase todos os dias, conheci novos recantos da ilha, aproveitei dias de festa, fiz amigos...

A ilha é um lugar lindíssimo, com moradores muito simpáticos. Infelizmente existe uma exploração agropecuária e o lobby tauromáquico muito forte, o que faz com que se perca parte da beleza. Fui, inclusive assistir uma das ditas touradas a corda que acontece na rua e, como dizem, "não faz mal nenhum ao touro". Podem até não matar o touro, mas o que eu vi é mesmo muita maldade com o pobre animal, que na maior parte do tempo só queria fugir do povo ignorante que o provocava. A foto a seguir fui eu mesmo que tirei...



Mudando de assunto, porque não quero focar em coisas ruins. Não é porque estava de férias, ou porque Agosto é  um mês com muitas festas na ilha, que ia deixar de treinar. Falhei alguns treinos (o que não é novidade nenhuma!), mas também fiz treinos muito bons. Quase todos os treinos que fiz terminavam no Negrito, onde aproveitava para nadar (com o calção de treino mesmo!) e descansar ao sol.  Ilha vulcânica é sinônimo de praia sem areia, apenas rocha e cimento; mas também não fez falta, o que eu queria era a água. E essa, a água, é muito maisagradável que a do continente.






















Dos treinos que fiz, os 2 principais foram os mais longos, um de 24km e outro de 21km.

No treino de 24km saí de São Mateus da Calheta, passei pelo nível do mar, subi até o cume da serra de Sta Bárbara, onde atingi mais de 1000 metros de altitude, e depois desci novamente. Levei na mochila a minha reflex e parei muitas vezes para fotografar. Ainda assim foi um treino duríssimo, mas inesquecível. Quando saí de casa tinha mais ou menos o trajeto na cabeça, mas não levei nenhum mapa. Segui pela estrada principal que contorna a ilha até chegar a freguesia de Sta Bárbara, onde resolvi virar para subir. Perguntei a dois senhores que estavam em uma esquina a negociar melões se a rua que queria seguir  ia dar ao cume. O Senhor me respondeu que podia seguir rua direto que ia chegar ao cume, o que eu fiz após agradecer. E, enquanto me retirava para a subida, ainda ouvi o senhor comentar antes de voltar a sua negociação de melões:  "Deus do céu". Não sei se ele disse isso porque eu era uma figura muito esquisita para o habitual da ilha, pois estava todo suado, com uma tshirt amarela e um tênis verde, tudo fluorescente, sem falar na mochila esquisita. Ou se era por ter decidido subir ao cume a pé e por aquele caminho... Provavelmente o comentário foi devido ao caminho que escoli, pois o danado foi duríssimo. Logo no início tive que escapar de um cão feroz que conseguiu partir a corrente (grossa!). O cão arrastava a corrente, que ainda estava presa ao seu pescoço. Penso que quando o dono aparece, ele deve disfarçar fingindo que ainda está preso, para depois tentar assassinar as pessoas que por ali passam. Foi uma cena de meter medo! Tive que literalmente escalar o muro e ir correndo por ali mesmo, até que o assassino deixasse de me perseguir. Sobrevivi! Depois encontrei uma belíssima lebre no meio do campo, ela ainda me deixou apreciá-la um pouco, porém me embaralhei com a câmera e não consegui fotografá-la.  Não fotografei a lebre, mas tirei muitas fotos da paisagem deslumbrante que fui encontrando durante a subida. Minha água durou apenas até chegar o cume. E como a sede era grande, resolvi arriscar e resolvi o problema bebendo a água que escorria pela montanha. Depois que comecei a descer, reabasteci a mochila em um reservatório de água que encontrei pelo caminho. A maior parte da subida fiz a caminhar e parei muitas vezes para fotografar. Já a descida foi sempre a correr. Definitivamente ofoi o melhor e mais duro treino durante as férias. Vou levar na memória esses momentos solitários!






















 
O 2º melhor treino foram os 21km feitos entre as cidades de Angra do Heroísmo e a Praia da Vitória. Este não fiz sozinho, tive a companhia do Koen, um amigo holandês que conheci durante a escalada. O Koen nunca tinha feito esta distância a correr, apenas treinos de 10km. Eu, no dia, almocei já passava das 13h, e tínhamos combinado de sair de Angra às 14h. Sei que o aconselhável é comer pelo menos 2 horas antes, por isso já deixei o Koen avisado que tinha me alimentado a pouco tempo e não poderia forçar o ritmo. O percurso comecou logo com uma subida, e o sobe e desce continuou por quase todo o percurso, com excessão do km final. O koen começou com bom ritmo e, apesar de saber que não devia, fui acompanhando. logo após os primeiros quilômetros comecei a me sentir mal e fui ficando para trás. Estava enjoado, não aguentava correr, e já pensava em desistir. Avisei o Koen que estava me sentindo muito mal e talvez não aguentasse até o fim... Mas aos 8km parei ao lado de um ponto de ônibus com mato à volta e só precisei encostar o dedo na goela. Imediatamente deitei fora tudo oque tinha almoçado. Foi a primeira vez que vomitei durante uma corrida e fiquei surpreendido com a capacidade do organismo em recuperar, pos no momento a seguir foi como se nunca tivesse me sentido mal. Lavei a boca, bebi um pouco de água, e voltamos a corrida. Daí em diante não faltou energia e acabamos o treino com 2h10, o que achei muito bom. O Koen ficou bem cansado, mas mostrou um ótimo preparo físico e com certeza poderá fazer melhores tempos em seu país, já que a Holanda é plana. Terminamos o treino com direito a tapete vermelho e tudo. e a foto só saiu na 2ª tentativa, poia a 1ª pessoa a quem pedi que tirasse uma gfoto nossa, ficou com medo e fuiu de nós. WTF???


Também aproveitei as férias para escalar! Porque no ano passado as minhas tentativas de escalar na Terceira foram frustradas. Não conhecia ninguém que pudesse fazer minha segurança, e o tempo também não colaborou. este ano fui escalar duas vezes no setor Chupa Cabras com o pessoal que conheci lá. Encontros multiculturais, já que tinha holandês, espanhol, português, francês, brasileiro...


























Ainda fiz uma uma bela caminhada pela Serra de Sta. Bárbara, até os destroços de um avião que caiu por lá no final dos anos 70. Não foi trail running, mas foi um trekking divertido. E, ainda que não seja praticante desta brincadeira, encontramos uma caixa de Geocache.

















Aproveitando as festas, fiz um passeio de barco (gratuito) onde tive a oportunidade de nadar no meio do Oceano atlântico, tenho que deixar aqui registado. É, eu gosto de saltar para a água!


  
Férias bem curtidas, vão ficar na memória!!!