quinta-feira, abril 30, 2015

Das Linhas de Torres ao Estádio da Luz


Antes de escrever sobre esta prova, vou tentar resumir rapidamente o que aconteceu desde o meu último post, quando torci o pé em Maio do ano passado. Desde então, e apesar de não ter tido grandes provas, tive muitas aventuras. Em Junho ainda não conseguia correr, mas tive um excelente período de férias! Que começou com um retiro de yoga. Um fim de semana com muita prática e que serviu de preparação para o que viria a seguir. E o que fiz a seguir? Meti a mochila nas costas e fui a pé de Lisboa a Santiago de Compostela. Foram 19 dias repleto de experiências, com um total de 652km percorrido pelo Caminho Central Português. E para finalizar as férias, no dia 6 de Julho participei em uma corrida de 10km com o pessoal do trabalho. Foi a primeira vez que corri desde que havia torcido o pé; corri com uma pequena dor, suportável, e terminei a prova em pouco mais de uma hora. Desde então fui começando a treinar aos poucos, mas sem nenhuma regularidade. Ainda participei de pelo menos em mais 2 provas de 10k antes de fechar o ano de 2014… E em 2015 comecei a aumentar os treinos. Tanto a frequência, quanto as distâncias. Participei em uma prova de 20km sem pagar inscrição; depois fiquei de consciência pesada por ter recebido a medalha de participação, não volto a repetir. Também participei na Meia Maratona de Lisboa e bati o meu recorde pessoal com o tempo de 1:48:53. E é esse o meu resumo…

Ultra trail Longo Linhas de Torres (40k)

Voltando às Linhas de Torres. Uma semana antes da prova fiz um treino de 39k por Lisboa, o que acabou por se verificar um exagero. Estava um dia de sol, o treino foi bom, mas exigiu bastante. Durante a semana sentia mesmo as pernas bem cansadas, e comecei a sentir uma dor logo abaixo da virilha, na perna esquerda. No dia anterior a prova fiz um treino leve de 6k e ainda sentia as pernas cansadas. Mas tinha certeza que iria completar a prova.

Foto tirada no último treino longo (39k) antes da prova.
No dia 18 cheguei a Torres Vedras por volta das 8h (a partida era às 9h). Tive tempo de buscar o dorsal e assistir os atletas da prova principal (70k) partirem. Tomei um café com calma. Pouco antes da partida precisei aliviar (ainda bem que foi antes da prova!) e a Natércia teve que ir buscar papel higiénico na casa de banho (banheiro) das mulheres, que na dos homens não tinha; e acabou tendo que repetir a operação para outros atletas que também precisavam de papel. Aflição resolvida a tempo, ainda estive a tirar fotos com a Natércia quando foi dada a partida. Fui dos últimos a sair, ainda guardando o telemóvel (celular) na mochila. 



A dor na virilha não incomodou e fui seguindo o meu ritmo, tranquilo. O primeiro abastecimento foi aos 9k. Praticamente nem parei, tomei só um gole de coca-cola e segui em frente. Mais ou menos aos 20k foi o ponto mais alto da corrida, a Serra do Socorro. Subi tranquilo, estava bem. O visual é fantástico! O forte vento neste ponto, somando com a tshirt molhada de suor, incomodava um pouco. Tinha o corta vento na mochila, mas nem usei. Neste ponto foi o segundo abastecimento. Havia sopa de legumes e fiquei com vontade, mas a senhora da organização não tinha certeza se havia ou não ingredientes de origem animal. Preferi não correr o risco. Tomei coca-cola e comi alguns frutos secos. 


Logo  depois passou um rapaz por mim e disse "o mais difícil está feito". Ele estava a referir-se a subida da Serra do Socorro. Sim, era a maior subida da prova e era bastante íngreme. Mas será que era realmente a mais difícil? Intimamente fiquei com um pé atrás... A descida a seguir a Serra do Socorro foi muito boa, mas quanto terminei sentia a sola do pé a queimar. Pensei logo que poderia estar se formando bolhas no meu pé. Nem quis ver, tinha que aguentar até o final. Depois foi mais uma grande subida, um pouco menor que a maior de todas (e essa já custou mais), e uma descida brutal, por uma trilha cheio de pedras e rampas utilizadas pelo pessoal das bikes. Eu adoro descidas! Por isso soltava as pernas e ia em grande embalo, saltando rampas e obstáculos. No final meu pé parecia estar pegando fogo e que as bolhas tinham todas estourado. Mas segui aguentando...





No 3º e último abastecimento enchi a bolsa de água e comi um pouco mais, para além dos frutos secos, também frutas e batata frita. Já sentia bem o cansaço, e por isso neste abastecimento demorei um pouco. A parti daí as subidas que eu encontrava já não eram tão altas, mas eram muito íngremes e difíceis. Meus pés queimavam e minhas pernas gritavam para parar. Já nem sei quantas vezes pensei em desistir, mas no final conseguia subir o monte e continuar. Afinal o rapaz da Serra do Socorro estava enganado...

Em uma dessas subidas eu parei ao meio para respirar e pensar em desistir. Mas ao olhar para o chão, vi uma formiguinha a carregar qualquer coisa tentando subir o trilho. Ela subia, depois escorregava e rolava para baixo. Fiquei vendo ela tentar umas 3x, e não desistia. Eu também não poderia desistir. Segui em frente!

Por volta dos 35k ia passando por um rapaz e ele me perguntou se não tinha água. Parei, tirei a mochila e dividi a água que tinha com ele. Depois dessa paragem quebrei completamente e mal conseguia correr, a não ser nas descidas. Custou muito os 5k finais. Apesar de serem poucos quilómetros, eram subidas atrás de subidas. E para finalizar, uma subida até o castelo...




A Natércia estava me esperando na entrada e ganhou um beijo. Terminei a prova com o tempo oficial de 5:53:23, em 23º na Classificação Geral. Eram 60 participantes e 44 completaram a prova. Não houve medalhas de participação, apenas um pin para prender na mochila (o que eu já fiz).

Foi um trail muito duro, e  eu corri com ténis de estrada, minimalista. Esse foi outro exagero meu! Como vinha treinando sempre com esse ténis (Noosafast 2), mesmo quando treinava nos trilhos de Monsanto, achei que ia aguentar na boa. Mas com aquela sola fina e aqueles trilhos duros, eu sentia tudo. Lição aprendida!

Além dos abastecimentos oficiais, levei na mochila apenas 3 barrinhas de amendoim e castanha caju com açúcar (tipo pé de moleque), e algumas castanhas de caju. Só comi meia barrinha e alguns cajus...

No final minhas pernas estavam destruídas, e ao tirar o ténis não havia bolhas. Foi mesmo a sola fina que fez meu pé queimar. Ainda recebi uma massagem, que parecia mais uma sessão de tortura, pois onde o massagista apertava mais, era nos locais em que tinha mais dores. Fiz todas as caretas possíveis!


No final o saldo foi mais que positivo, nunca estive em tão boa forma. E sem seguir nenhum plano de treino...

10ª Corrida do Benfica

Umas semanas antes a Prosegur me ofereceu um convite para a Corrida do Benfica e eu aceitei, mas na hora nem reparei que era no dia seguinte às Linhas de Torres. Então, no dia seguinte, em vez de descansar, fui participar em uma prova de 10k. Claro que não iria fazer um bom tempo. O maior esforço foi mesmo completar a prova. Mas fui sem medo, e sem pressa. Aproveitei para tirar uma foto dentro do estádio, e terminei em 59min, o que até achei bom.


Pensando em como foi dura estas provas, fico imaginando como vai ser a próxima, que é já no dia 3 de Maio. Serão 60k e terei que enfrentar os meus fantasmas, pois foi onde torci o pé no ano passado. Sem falar que já começo em desvantagem, pois a dor abaixo da virilha continua, apesar de ter diminuído um pouco.

Mas vou dar luta, o Ultra Trail de Sesimbra que me espere!!!



terça-feira, junho 10, 2014

A ultra mais rápida

Sei que venho um pouco tarde e já não devo lembrar perfeitamente de tudo, mas não podia deixar de escrever sobre esta corrida antes de começar a nova aventura.


No dia 03 de maio parti de Lisboa cedinho com a Natércia, rumo ao IV Ultra Trail de Sesimbra. Chegamos em Sesimbra por volta das 7h, buscamos o dorsal e nos dirigimos para o local de partida, que era mesmo nas areias da praia. A partida atrasou uns 15 minutos, o que até entendo que possa acontecer, pois neste tipo de prova pode haver imprevistos. A única preocupação era o calor, porque o dia prometia; e quanto mais tarde fosse a partida, mais dura seria a prova.

 
No ano passado demorei pouco mais de 8h para terminar os 50km da prova. Não tinha treinado o suficiente, porém não desanimei e fui até o fim. Curti demais a prova! Este ano, apesar de ter falhado um ou outro treino, estava melhor preparado e contava em baixar o tempo. A prova este ano ganhou mais quilometros (52k) e alteraram o percurso. Nada que me deixasse assustado...

 

Assim que foi dada a partida, mantive um ritmo tranquilo, porque ainda estava no início e foi logo a subir. E Logo pegamos os trilhos, um mais duro que o outro. Nas subidas dos trilhos tinha muita dificuldade com a exigência física. Porém nas decidas, apesar do grande risco de queda, me soltava e descia aquilo quase em sprint (meio que exagerei aqui! hehe). A paisagem era brutal, não tem como não gostar da prova! Foi a primeira vez que levei uma câmera comigo, e como não sou da elite, posso ir tirando fotos pelo caminho que não atrapalha a minha prestação.


Fiz os primeiros 5km em 33min, e mais ou menos nesta altura estava o 1º posto de abastecimento. Como tinha o suficiente na mochila e não me sentia com fome ou desidratado, não parei neste posto. Após os 5km os trilhos continuavam a exigir e comecei a sentir  mais o calor. Algo suportável com boa hidratação. MAis ou menos nos 10km estava o segundo posto de abastecimento, cheguei lá em 1h33min. desta vez comi e bebi o que tive vontade. Me sentia bem disposto e preparado para melhorar meu recorde pessoal....

 
 

Mas nem tudo acontece como planeamos. Ao sair do posto de abastecimento, apenas alguns metros a frente, tropecei nas pedras do trilho e caí. Não era uma grande descida e nem estava muito rápido. Na no momento em que caí senti uma forte dor no tornozelo, levantei voltei mancando até o posto e me sentei ali no chão. Apesar de estar muitos atletas a abastecer no posto, ninguém me viu cair. E os voluntários também não me deram atenção ali sentado, pois estavam preocupados em abastecer os atletas. A dor diminuiu (meu corpo estava quente) e resolvi voltar a prova e ver se aguentava. Levantei-me e segui caminhando...

Devia ter ficado por ali. Foi logo uma descida brutal, que exigiu ainda mais do meu tornozelo torcido, e que não me dava hipótese de voltar, pois subir aquilo tudo de volta no estado em que estava era impensável. Então segui em frente! As vezes tentava correr, mas doía. Fui caminhando rápido, seguindo pelos trilhos. Já tinha certeza que tinha que desistir, e meu objetivo passou a ser o próximo posto de abastecimento. Avisei a Natércia por telefone.


Na parte em que o trilho estava próximo do mar, ainda tive o prazer de ver golfinhos, e como já tinha a corrida perdida, parei um pouco e fiquei a observá-los. Lindíssimos! Depois voltei a luta e cada vez doía mais meu tornozelo. Só desejava chegar ao posto de abastecimento. Numa parte acompanhei um rapaz que já não estava aguentando correr e se questionava no que se tinha metido ao aceitar o desafio dos amigos para participar na prova. Caminhamos juntos até mais ou menos os 16km, onde avistei o carro dos bombeiros. Saltei para frente e pedi carona, lá dentro já estava um desistente. Fomos até o posto de abastecimento do farol, onde aproveitei para comer e beber mais um pouco. Meu corpo já estava esfriando e meu pé começou a inchar. Depois fizemos uma espécie de rally para ir buscar um atleta que desistiu no meio do caminho devido a dores no joelho, e voltamos para a cidade. Quando cehguei em Sesimbra meu pé já estava uma bola, mas fiz questão de ir ao mar e depois esperar pelos primeiros colocados do ultra trail. Afinal eu nunca vejo os primeiros colocados a chegarem. Os 2 primeiros lugares demoraram cerca de 5h para terminar a prova, com diferença de 2 minutos entre um e outro. Haja preparo! Eu esperei pelos primeiros colocados tomando umas cervejas distribuída pela organização. E a organização, apesar de não terem reparado em mim nos 10km, estava excelente. Os trilhos muito bem marcados, os abastecimentos bem servidos. Os bombeiros voluntários sempre prestativos. A cerveja no ano passado estava mais gelada, mas isso também não é grave... Foi a primeira prova em que participei e não cheguei ao fim!


Como o meu pé estava uma bola e eu mal conseguia andar, fomos para o hospital mais próximo, que era em Setúbal. Eu já estava com medo, achando que tinha partido alguma coisa. 20€ de consulta e raio-x, e a boa notícia de que estava tudo inteiro. O médico só receitou um anti inflamatório, gelo e descanso. E ainda fiz uma corridinha de cadeira de rodas pelos corredores do hospital. Cumpri tudo que o médico disse, com a excessão do descanso. Já passou mais de um mês. O meu tornozelo tem recuperado gradualmente, mas ainda não consigo correr. Já caminho normalmente sem dores, e no último fim de semana aguentei firme no retiro de yoga.


E é por já aguentar caminhar que vou manter os meus planos e agora no dia 12 começo a caminhada do caminho central portguês de Santiago de Compostela. Começo em Lisboa, e serão mais de 600km. Claro que estarei atento, e se meu tornozelo pedir, não terei medo de desistir. E para completar, no dia 06 de Julho estou inscrito com o pessoal do trabalho em uma prova de 10km. Espero estar preparado.


quinta-feira, fevereiro 27, 2014

XXX Maratón de Sevilla

Desta vez não irei relatar apenas o dia da corrida, mas inclusive os dias anteriores. Afinal foi minha primeira corrida fora de Portugal, e a aventura comecçou muito antes. Eu e a Natércia saímos na sexta, dia 21, por volta das 10h. Eu fui conduzindo os 400km até Sevilha, e ainda andamos meio perdidos pela cidade até achar o estacionamento. Como o hotel ficava no centro da cidade e não tinha onde estacionar, deixamos o carro no estacionamento do El Corte Inglês, que era próximo. Logo a caminho do hotel já fiquei com boa impressão sobre as pessoas locais, pois um rapaz ao nos ver cheios de malas  e meio perdidos procurando o nome da rua, veio logo nos ajudar; indicou o nome da rua e onde era o hotel. O hotel era simples e barato, com uma estrela apenas. Porém era bonito, com uma arquitetura árabe. Mais do que suficiente para o que necessitávamos. O funcionário foi super simpático, nos deu um mapa da cidade e também nos ajudou com indicações de onde era e como chegar ao Palácio de Exposições, para buscar o dorsal. Podíamos buscar o dorsal até às 22h, portando descansamos um pouco e programamos de ir jantar primeiro. Já tinha anotado o nome e local de um restaurante vegetariano com opções veganas que fica perto do hotel. Quando lá chegamos o restaurante estava fechado, só abria às 20h e ainda eram 19h30, os espanhóis jantam mais tarde. Então resolvemos buscar primeiro o dorsal. A caminho do palácio também tivemos ajuda dos moradores locais, para pegar o transporte público correto e também a indicação do local certo para sair. Eu falava em português, eles respondiam em espanhol; niguém entendia nada, mas acabávamos por nos compreender. Maravilha! Quado chegamos no palácio eram 21h15 e já estava tudo fechado. Afinal eu me enganei e o horário para retirar o dorsal era até às 21h. Lá tivemos que levar novamente com a simpatia e disponibilidade dos espanhóis, o pessoal da organização que ainda estava no local me fez correr pelo parque, mas me entregaram o dorsal. A rapariga que me entregou ainda ficou impressionada e sorridente, achando que eu tinha vindo do Brasil para a maratona, não quis estragar a alegria dela. Fui o último a retirar o dorsal naquele dia. Oferta de tshirts são normais, mas desta vez ofereceram uma sem mangas (vai ser útil no verão) e também um short. De lá fomos ao restaurante, que se chama Gaia Bar Ecológico, e já estava aberto. Prato excelente para compensar o dia cansativo, e tomei uma cerveja biológica (orgânica) e sem alcool. Chegamos no hotel por volta da meia noite e fui dormir já passava da 1h. estava com a perna latejando devido a condução e ter andado bastante...



Como no dia 21 não tinha feito o treino que era suposto fazer, resolvi aproveitar a manhã do dia 22 para uma corridinha leve. Só tinha levado uma calça de corrida, que iria usar na maratona. então resolvi usar o short que me ofereceram. Eu não gosto de usar shorts por que não protegem de fricção da pele e como tenho a coxa grossa costumo ficar assado, mas já que a intenção era correr apenas 30min e bem de leve, pensei que não haveria problema. Nem passei vasilina. Acabei correndo 40min, sempre beirando o rio. Estava tendo um campeonato de remo, o que foi divertido assistir enquanto corria. Também já havia muita gente na rua, caminhando e correndo. Cheguei em casa por volta das 12h e estava assado um pouco abaixo da virilha, na perna direita. Me ferrei! Short para correr nunca mais, só vou utilizar este em casa mesmo... Fomos almoçar na Veganitessem, mas ao chegar lá descobrimos que não servem almoços. Experimentamos alguns doces e salgados veganos e fomos a procura de algum restaurante. Tentei encontrar um restaurante italiano para poder comer um macarrão, porém não tive sorte. Acabamos por decidir almoçar num chinês, onde pude comer macarrão com legumes e também uns crepes de legumes, tudo com muito óleo, porque os chineses adoram. E para beber, mais cerveja sem alcool.


De lá fomos andando por alguns pontos turísticos. Porque eu não resisto e tinha que conhecer a cidade. Sevilha é cheia de cervejarias, e todos adoram tapas. Dia e noite, muita gente na rua a socializar. Caminhamos e caminhamos por locais lindíssimos até chegar a Praça de Espanha. De lá voltamos para a casa no elétrico, pois já não aguentava mais andar. Antes de chegar ao hotel ainda compramos alguma coisa para comer no El Corte Inglês, tinha certeza que lá encontraria boas opções veganas. Levamos a comida para o hotel e não saímos mais. Fiz uma auto massagem nas pernas e passei um gel relaxante para recuperação. Fazer turismo e andar pela cidade pode não ter sido a melhor escolha para quem ia correr uma maratona no dia seguinte, mas não cosegui resistir e não me arrependo. Antes de dormir orei para que estivesse 100% na manhã seguinte.


Dia 23, o dia esperado! Acordei por volta das 6h30, tomei um duche, pasei a vasilina nas virilhas e axilas e me arrumei, comi aveia com bebidade arroz e soja e 2 bananas. Ainda tomei um café que tirei da máquina que havia na entrada do hotel. Na recepção do hotel estavam vários portugueses, tentei arranjar uma boleia (carona), mas já estavam com os carros lotados. Um ainda me disse que a distância até o estádio era grande, deve ter ficado preocupado por ver que eu não ia de carro e não faltava muito mais de 1h para o início da corrida. Sem stress, eu já tinha tudo estudado! Saí com a Natércia, atravessamos a ponte e pegamos o autocarro (ônibus) do outro lado do rio. Não foi preciso esperar muito e quando chegamos a zona da partida ainda faltava 1h hora para a corrida começar. No caminho conhecemos um casal de brasileiros que também moram em Portugal, assim a Natércia teria companhia enquanto me esperava. Estava frio de manhã, mas prometia esquentar depois. Eu estava apenas com a tshirt e os manguitos, mas quando já estávamos na zona da partida resolvi colocar o buff no pescoço. Também levava comigo dois géis. Foram 9000 inscritos e não havia outras distâncias de prova. Nunca vi tanta gente em uma maratona! Céu azul, ótimo clima, todos numa boa vibe.


A partida foi dada no horário programado. Eu já tinha tirado o buff do pescoço e prendido no pulso, devia ter jogado de volta para a Natércia, mas não o fiz... No 5km havia o primeiro posto de abastecimento, não estava com sede e continuei.  Pelo caminho haviam algumas pessoas a torcer e incentivar os atletas, na maioria amigos e familiares. Estava achando tudo muito calmo. Quando chegamos mais ou menos ao 10km a rua estava lotada, até a Natércia estava lá. Quando tem muita gente dando apoio o atleta anima mais. Nesta altura havia mais um posto de abastecimento, bebi um pouco de água e joguei a garrafa no lixo. Já sabia que os primeiros quilometros iam ser tranquilos. Ao 15km mais um posto de abastecimento, peguei uma garrafa de água e levei comigo. Logo após passamos pela La Macarena, a 1ª melhor parte do percurso, pois as centenas de pessoas que lá estavam acabaram por formar um corredor largo por omde tínhamos que passar. Todos super animados a incentivar os atletas, a Natércia também estava lá. Por volta do 18km tomei um gel e acabei com a água da garrafa, joguei tudo no lixo. A partir do posto de abastecimento do 20km a bebida estava sendo servida em copos, bebi água e isotónico e joguei os copos no chão mesmo, junto as mesas. A partir de então, em todos os postos de abastecimento bebi água e isotónico. No 23km peguei uma esponjinha que levei sempre comigo, nos postos de abastecimento havia bacias com água onde eu molhava a esponja e passava na testa e nuca para refrescar. Gostei de usá-la! O clima estava esquentando e eu sentia o calor. Os manguitos não incomodavam tanto, mas em determinada altura resolvi tirá-los e foi refrescante. O buff também não estava servindo para nada, até que tive a idéia de mete-lo na cabeça e molhá-lo. Ótima idéia! Parecia que eu tinha sempre uma esponjinha refrescante na cabeça... Em determinada altura, já não lembro em que km exatamente, começaram a aparecer bandas pelo caminho. Em uma parte era um grupo de capoeira. Bem mais animado assim! No 25km, além das bebidas, comi 1/2 banana. No 30km tinha geis para os atletas, eu já tinha usado os meus, então peguei mais 2 que usei até o fim da corrida. Quando entramos na Praça de Espanha e demos a volta ao chafariz, foi a 2ª melhor parte do percurso, pois o lugar é lindíssimo e estava animado com banda e muita gente. O centro da cidade, por volta do 35km, foi a 3ª melhor parte do percurso, centenas e centenas de pessoas faziam um correrdor estreito por onde os atletas passavam e levavam com os icentivos e apoio. Foi brutal!!! Por todo o percurso, adultos e principalmente crianças esticavam a mão para que os atletas tocassem em cumprimento e incentivo. Muitas pessoas me incentivavam me chamando pelo nome (liam o nome no meu dorsal). Isso era bom demais, nem sei como agradecer! Depois do 36km já estava bem cansado e acabei por caminhar algumas partes. Dava para ter aguentado sem caminhar, faltou um pouco mais de força de vontade da minha parte. Mas o utlimo km fiz a correr e quando entrei no estádio de La Cartuja ainda consegui acelerar um pouco até chegar a meta final. Depois de terminar a havia água, laranjas, isotónico, coca cola e cerveja. Dispensei apenas o isotónico e a coca cola. E finalmente tomei uma cerveja com alcool...

Terminei com o tempo real de 04:05:53 e em 5922 na classificação geral. Foram 7970 atletas que terminaram a corrida no tempo permitido. Dos 9000 inscritos, apenas 1614 eram estrangeiros. E metade dos estrangeiros eram portugueses (819). Brasileiros haviam 11, e tenho certeza que a maioria veio de Portugal.

 Video da minha chegada filmado pela Natércia

Quando encontrei a Natércia ela estava junta com outro casal brasileiro, estes tinham vindo mesmo do Brasil para a maratona. Apenas o rapaz correu, e estava super animado, pois também melhorou seu recorde pessoal. Quando saíamos do estádio encontrei uma rapariga, a Mercedes Gonzáles, da União Deportiva Vegetariana, da Espanha. Fiquei contente de conhecer alguém do grupo Veggie Runners espanhol!


De lá eu e a Natércia seguimos para o Palácio de Exposições, pois tinha almoço gratuito para os atletas. Eu pensei que seria macarrão, mais me enganei. Tinha bastante coisa, mas aparte principal não era vegana. Então os voluntários encheram meu tabuleiro de frutas e uns snacks de trigo, nas mesas também havia frutos secos e e batata frita. Além de um doce vegano de figos, tamaras e frutos secos que tinha na mochila. Bebi cerveja oferecida pela organização. Após o almoço voltamos ao hotel para descansarmos. Eu ainda dei uma voltinha curta à noite... Na sexta de manhã deixamos o hotel. Eu voltei a conduzir pelo caminho de volta e mais ou menos às 12h já estávamos em Lisboa.


Esta banda estava animando o centro da cidade, apareço rapidamente em 0:40.

Uma história surpreendente nesta corrida e que só tive conhecimento depois, foi sobre a sueca Joasia Zakrzewski, uma doutora de 38 anos. Corredora da elite, na hora da partida ela tropeçou e foi literalmente atropelada. Com o joelho esfolado e o nariz a sangrar, conseguiu se levantar com a ajuda de outros corredores e continuou na corrida. Foi ultrapassando centenas de atletas e recuperando posições, terminou em 4º lugar na categoria feminina com o tempo de 02:41:27. Após terminar a corrida foi atendida pelos médicos e levada ao hospital, onde diagnosticaram uma fratura no nariz e uma fissura em uma das costelas, já passa bem e teve alta no próprio dia. Surpreendente a determinação e superação desta rapariga, fiquei impressionado!


Novamente li algumas críticas à organização, desta vez aos roupeiros, banhos e estacionamento. Para ser sincero estou ficando com a impressão de que a maior parte das críticas são meio exageradas (ou eu sou muito bonzinho e tolerante). Em provas com milhares de inscritos é óbvio que pode acontecer imprevistos e atrasos na entrega das roupas ou na saída do estacionamento. Se o atleta não previu e contou com isto, então é muito inocente. Se deu bem quem fez como eu e utilizou o transporte publico. Só tomei banho quando cheguei ao hotel, e isso foi depois de almoçar. Não tenho o que reclamar, achei a organização nota 10!

Sevilha é linda com a toda aquela arquitetura antiga e sua gente hospitaleira. O percurso da maratona foi ótimo, e por ser plano é uma ótima opção para bater recordes pessoais. Saí de lá com a sensação de que não tenho mais vontade de participar em provas mais curtas, a não ser que seja em trails ou para acompanhar algum amigo...

                                                   E com certeza uma prova a repetir!













domingo, fevereiro 09, 2014

2 em 1

24º Grande Prémio Fim da Europa

26 de Janeiro. Levantamos cedo, encaramos o frio, e fomos a caminho de Sintra, eu e a Natércia, para a minha 1ª participação no GP Fim da Europa.  Prova de 17km que começa na Vila de Sintra e termina no Cabo da Roca, o ponto mais ocidental do continente europeu. Já sabia que a prova seria dura pelos comentários que havia lido, por isso não tinha nenhuma expectativa de tempo, apenas queria chegar ao final...

Chegamos em Sintra ainda não era 9h, e já estava meio complicado de conseguir estacionar, mas lá arranjei um cantinho. Ocentro histórico de Sintra, onde foi a partida, é uma pequena vila situada no meio de uma serra com mesmo nome, no distrito de Lisboa. Com um clima que me faz lembrar Petrópolis, suas construções e vegetação a tornam encantadora, inclusive sua paisagem cultural é considerada patrimonio mundial pela UNESCO. Tudo estava a somar para ser uma prova muito bela, e eu estava animado! Como tínhamos tempo, tomamos o tradicional cafezinho antes da prova e ficamos a apreciar o pessoal a aquecer. Eu não fiz aquecimento. Quando saímos de casa não tive tempo de comer nada, apenas fiz um chá verde e comi duas bananas; como era uma distância que já me acostumei a correr apenas com bananas, tinha certeza que era suficiente. Como a corrida começava em um ponto e terminava em outro, a Natércia ficou de ir me bucar na Azoia.


A partida foi pontual, e às 10h os mais de 2000 atletas inscritos coloriram as estradas de Sintra. Os primeiros 5kms foram sempre a subir e eu só pensava em não forçar muito o ritmo para não me esgotar na subida, e fui aguentando bem. E apesar de não ser trail acabei por caminhar uns 300m no final da última subida, logo após os 10km, que por sinal era a mais exigente. O Clima esteve sempre nublado, com aquele nevoeiro que te deixa molhado; acabou por esconder o horizonte, mas não estragou a beleza. A serra de Sintra é mágica e parecia que estava numa lugar épico, estilo Senhor dos Anéis, ou no meio da terra dos Druidas (Se bem que a Gália deve ser ainda mais encantadora). Após a curta caminhada começou a grande descida e pude recuperar o tempo perdido. Como adoro descida e estava muito bem disposto, consegui manter um bom ritmo. Ao cruzar a estrada principal para entrar na Azoia ainda encontrei com a Natércia parada no trânsito, já que o mesmo estava cortado para a passagem dos atletas. Continuei com o bom ritmo até chegar ao Cabo da Roca e terminar a prova.




















Terminei os 17km com o tempo de 1:26:22 e em 597 na classificação geral.



Gostei muito da prova e fiquei bem contente com meu tempo.

Ainda voltei correndo os 3km até a Azoia, onde a Natércia me esperava.

E para ter uma melhor noção desta prova, basta assistir o vídeo:






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II Trail Running Bucelas Aventura.

Como terminei bem o mês de Janeiro, resolvi começar bem o mês de Fevereiro. E no dia 02, bem cedinho, lá fui eu para Bucelas. Desta vez sozinho, pois a Natércia teve que ir trabalhar. A edição de 2013 foi a 1ª prova de trail em que participei, foram 22km de subidas duras e muita lama, no final já nem aguentava correr. Este ano o percurso aumentou para 25km, e estava otimista que aguentaria correr até o final. Já não lembro que horas cheguei a Bucelas, mas deu tempo de tomar o tradicional cafezinho e ainda fazer um aquecimento de 15min. Antes de sair de casa comi um mingau de aveia, e uma banana quando cheguei a Bucelas. Apesar do frio que estava fazendo, não era tanto como no ano passado; e apesar de estar um belo dia, havia chovido nos dias anteriores e era de se esperar alguma lama.


A partida foi as 9h como programado, e os primeiros 2kms tranquilos. Foi então que comecei a perceber que o percurso além de ser mais longo, era também muito mais duro que o do ano passado. E com muito, muito mais lama! Algumas descidas se tornaram mesmo muito perigosas devido ao excesso de lama. Mas eu gosto tanto de descidas! E apesar do cuidado extra, nas descidas eu soltava as pernas, com ou sem lama. Naquele ritmo em que estava, poucos eram os que se atreviam a descer correndo; por isso gostei de ver uma rapariga na minha frente a soltar as pernas e correr na descida. Depois da prova tive que ir cumprimentá-la. E apesar de voar nas descidas e passar muita gente, nas subidas era ultrapassado por todos. Escorreguei algumas vezes, sem qualquer gravidade, mas as minhas luvas já estavam pesadas com tanta lama. Após os 18kms tive caimbras que durou uns 3kms e depois passou. A travessia do rio foi na parte final da prova, o que não gostei muito, pois já não estava aguentando correr devido ao cansaço e caminhar com os pés molhados naquele frio foi cruel.
 O meu desempenho no GP Fim da Europa, no fim de semana anterior, foi melhor. Mas confesso que gostei muito mais desta prova. Bucelas não tem amagia de Sintra, mas não dá para comparar uma prova de trail com uma de estrada. E essa prova de Bucelas é uma verdadeira aventura! É muito bem organizada, com preço acessível, e super exigente a nível físico, sem falar que é de carater beneficente. Por tudo isso eu com certeza espero estar presente em 2015!


Terminei a prova com o tempo de 3:24:34 e em 265 na classificação geral.

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Obs.:
- Todas as fotos foram retiradas da internet, pois estou sem máquina fotográfica.
- Nenhuma das 2 provas ofereceram medalhas.