terça-feira, junho 10, 2014

A ultra mais rápida

Sei que venho um pouco tarde e já não devo lembrar perfeitamente de tudo, mas não podia deixar de escrever sobre esta corrida antes de começar a nova aventura.


No dia 03 de maio parti de Lisboa cedinho com a Natércia, rumo ao IV Ultra Trail de Sesimbra. Chegamos em Sesimbra por volta das 7h, buscamos o dorsal e nos dirigimos para o local de partida, que era mesmo nas areias da praia. A partida atrasou uns 15 minutos, o que até entendo que possa acontecer, pois neste tipo de prova pode haver imprevistos. A única preocupação era o calor, porque o dia prometia; e quanto mais tarde fosse a partida, mais dura seria a prova.

 
No ano passado demorei pouco mais de 8h para terminar os 50km da prova. Não tinha treinado o suficiente, porém não desanimei e fui até o fim. Curti demais a prova! Este ano, apesar de ter falhado um ou outro treino, estava melhor preparado e contava em baixar o tempo. A prova este ano ganhou mais quilometros (52k) e alteraram o percurso. Nada que me deixasse assustado...

 

Assim que foi dada a partida, mantive um ritmo tranquilo, porque ainda estava no início e foi logo a subir. E Logo pegamos os trilhos, um mais duro que o outro. Nas subidas dos trilhos tinha muita dificuldade com a exigência física. Porém nas decidas, apesar do grande risco de queda, me soltava e descia aquilo quase em sprint (meio que exagerei aqui! hehe). A paisagem era brutal, não tem como não gostar da prova! Foi a primeira vez que levei uma câmera comigo, e como não sou da elite, posso ir tirando fotos pelo caminho que não atrapalha a minha prestação.


Fiz os primeiros 5km em 33min, e mais ou menos nesta altura estava o 1º posto de abastecimento. Como tinha o suficiente na mochila e não me sentia com fome ou desidratado, não parei neste posto. Após os 5km os trilhos continuavam a exigir e comecei a sentir  mais o calor. Algo suportável com boa hidratação. MAis ou menos nos 10km estava o segundo posto de abastecimento, cheguei lá em 1h33min. desta vez comi e bebi o que tive vontade. Me sentia bem disposto e preparado para melhorar meu recorde pessoal....

 
 

Mas nem tudo acontece como planeamos. Ao sair do posto de abastecimento, apenas alguns metros a frente, tropecei nas pedras do trilho e caí. Não era uma grande descida e nem estava muito rápido. Na no momento em que caí senti uma forte dor no tornozelo, levantei voltei mancando até o posto e me sentei ali no chão. Apesar de estar muitos atletas a abastecer no posto, ninguém me viu cair. E os voluntários também não me deram atenção ali sentado, pois estavam preocupados em abastecer os atletas. A dor diminuiu (meu corpo estava quente) e resolvi voltar a prova e ver se aguentava. Levantei-me e segui caminhando...

Devia ter ficado por ali. Foi logo uma descida brutal, que exigiu ainda mais do meu tornozelo torcido, e que não me dava hipótese de voltar, pois subir aquilo tudo de volta no estado em que estava era impensável. Então segui em frente! As vezes tentava correr, mas doía. Fui caminhando rápido, seguindo pelos trilhos. Já tinha certeza que tinha que desistir, e meu objetivo passou a ser o próximo posto de abastecimento. Avisei a Natércia por telefone.


Na parte em que o trilho estava próximo do mar, ainda tive o prazer de ver golfinhos, e como já tinha a corrida perdida, parei um pouco e fiquei a observá-los. Lindíssimos! Depois voltei a luta e cada vez doía mais meu tornozelo. Só desejava chegar ao posto de abastecimento. Numa parte acompanhei um rapaz que já não estava aguentando correr e se questionava no que se tinha metido ao aceitar o desafio dos amigos para participar na prova. Caminhamos juntos até mais ou menos os 16km, onde avistei o carro dos bombeiros. Saltei para frente e pedi carona, lá dentro já estava um desistente. Fomos até o posto de abastecimento do farol, onde aproveitei para comer e beber mais um pouco. Meu corpo já estava esfriando e meu pé começou a inchar. Depois fizemos uma espécie de rally para ir buscar um atleta que desistiu no meio do caminho devido a dores no joelho, e voltamos para a cidade. Quando cehguei em Sesimbra meu pé já estava uma bola, mas fiz questão de ir ao mar e depois esperar pelos primeiros colocados do ultra trail. Afinal eu nunca vejo os primeiros colocados a chegarem. Os 2 primeiros lugares demoraram cerca de 5h para terminar a prova, com diferença de 2 minutos entre um e outro. Haja preparo! Eu esperei pelos primeiros colocados tomando umas cervejas distribuída pela organização. E a organização, apesar de não terem reparado em mim nos 10km, estava excelente. Os trilhos muito bem marcados, os abastecimentos bem servidos. Os bombeiros voluntários sempre prestativos. A cerveja no ano passado estava mais gelada, mas isso também não é grave... Foi a primeira prova em que participei e não cheguei ao fim!


Como o meu pé estava uma bola e eu mal conseguia andar, fomos para o hospital mais próximo, que era em Setúbal. Eu já estava com medo, achando que tinha partido alguma coisa. 20€ de consulta e raio-x, e a boa notícia de que estava tudo inteiro. O médico só receitou um anti inflamatório, gelo e descanso. E ainda fiz uma corridinha de cadeira de rodas pelos corredores do hospital. Cumpri tudo que o médico disse, com a excessão do descanso. Já passou mais de um mês. O meu tornozelo tem recuperado gradualmente, mas ainda não consigo correr. Já caminho normalmente sem dores, e no último fim de semana aguentei firme no retiro de yoga.


E é por já aguentar caminhar que vou manter os meus planos e agora no dia 12 começo a caminhada do caminho central portguês de Santiago de Compostela. Começo em Lisboa, e serão mais de 600km. Claro que estarei atento, e se meu tornozelo pedir, não terei medo de desistir. E para completar, no dia 06 de Julho estou inscrito com o pessoal do trabalho em uma prova de 10km. Espero estar preparado.


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